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NÃO É ACIDENTE! É PROJETO DE PODER!

Três anos após a destruição pela lama da Samarco à alma de Mariana (MG),  uma barragem da empresa Vale se rompeu e pelo menos outra transbordou na sequência, em Brumadinho (MG), no dia de ontem, 25 de janeiro de 2019.

São milhares de pessoas sem casa e sem terra. São milhares de pessoas sem água e sem comida. São milhares de pessoas que subsistiam, mas agora nem existem mais. São milhares de animais mortos e soterrados. São mortos e desaparecidos. São cidades inteiras.

São milhares de pessoas que tiveram suas almas levadas pela lama do Poder. É a natureza e o meio ambiente que tem sua energia sugada pelas máquinas burguesas.

São milhares de pessoas que tem suas vidas nas mãos de políticos e empresários que decidem quem deve viver e quem morrerá. 

Não é desastre! Não é incidente! Não é descaso!

É PROJETO DE PODER

 

Solidariedade às vítimas de Brumadinho/MG!

 

Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social

26 de janeiro de 2018

Anarquismo Transnacional ou nada

A História Transnacional enfatiza questões para o qual o país, o Estado ou a Nação não são os principais atores de interação ou conflito.Em outras palavras, propõe deslocar a Historiografia Tradicional (que se atém as relações nacionais, politícas e econômicas momentos espetaculares) em favor de uma perspectiva de alicerce cultural dando atenção nas influências e intercâmbios entre diversos agentes transnacionais – que exercem influência onde quer que estejam, independente de sua nacionalidade, e que também são influenciados da mesma forma.

A compreensão da Circulação Cultural maximiza a compreensão sobre a permeabilidade de fronteiras, ou seja, a História Transnacional é correspondentes direta de um circuito em que existem muitas redes de contato, intercâmbios e várias formas de compromissos e identidade, Não sendo uma História composto de um ponto de origem, pois ela se entrelaça em redes de contato e influências.

Dessa forma, a História Transnacional não é um fim em si mesma. Só pode ser, senão, um meio para a explicação racional dos comportamentos e influências entre atores internos e atores externos a um determnado contexto nacional, superando o nacionalismo metodológico.

Portanto, para compreender um agente na História Transnacional é necessário enteder como ele é influenciado por agentes externos, como ele influencia outros agentes, como as relações de influências e intercâmbios se constroem e como, por último, é construída, diretamente ou indiretamente, um Identidade Coletiva Transnacional.

É importante, destacar que para a difusão desta abordagem historiográfica, além de sua teorização, fazem-se fortalecidos historiadores (sociólogos, filosofos, militantes, etc) Latino Americanos. Sendo a América Latina a maior influenciadora deste tipo de análise.

Construindo uma análise transnacional e interamericana, deslocando a Históriografia Tradicional europeizada e estadounidense, ao produzir uma análise sob a perspectiva das relações e influências – organizacionistas, culturais, discursivas, políticas, sociais, artísticas, progandísticas, etc – entre agentes da Amérca Latina e agentes externos, observando sua ação comum para além das fronteiras – físicas, virtuais, espaciais, temporais, materiais -, sendo, portanto, transnacionais.

À vista disso, a História Transnacional corresponde (mas não só) a análise da longa história de intercâmbio e colaboraçõao entre movimentos sociais de todo o globo. Sendo, então, os movimentos sociais transnacionais existem diversos atores fazendo parte de uma cadeia locais, regional, nacional ou transnacional,que constroem uma mesma identidade envolvidos por uma pauta comum, numa parte de ação comum que atravessam fronteiras e tencionam alterações no sistema global de dominação.

Desta forma, é tão assertivo dizer que o anarquismo é e sempre foi transnacional, qual dizer que o anarquismo é e sempre foi de extrema-esquerda.

Situado em 5 continentes, durante seus 150 anos de existência, com relações de influêncuas e intercâmbios de militantes e trabalhadores. Inserido em todas, se não na maioria, das conquistas dos trabalahdores e trabalhadoras em todo o globo, em maior ou menor grau. O anarquismo, por sua rede de contatos, apoio mútuo, solidariedade, pautas mútuas e vínculos comuns constitui uma força transnacional. E por ser um movimento social transnacional só pode ser analisado sob uma perspectiva transnacional.

Tanto quanto sendo reconhecido como um ator sociopolítico para além das fronteiras mesmo pelas forças de dominação que desde o século XIX fomenta uma coordenação intternacional (entre os governo) de enfrentamento ao anarquismo com a criação de agências de controle nacionais, vínculos, e arquivos de vigilância para coibir a força de ação de uma rede amorfa e indefinidade que cruza fronteiras há 150 e tem presença em países como:

O México, a Espanha, a Ucrânia, a Manchúria, a Argentina, a Bolívia, o Brasil, o Chile, a Colômbia, a Cuba, a França, o Paraguai, o Peru, o Portugal, Uruguai, África do Sul, Alemanha, Argélia, Austrália, Bulgária, Canadá, China, Egito, Equador, Estados Unidos, Grécia, Inglaterra, Itália, Japão, Namíbia, Nigéria, Nova Zelândia, Rússia, Suécia, Venezuela, Zâmbia, Zimbábue, Bielo-Rússia, Camboja, Cazaquistão, Cingapura, Estônia, Finlândia, Guiana-Francesa, Guiana, Índia, Islândia, Bangladesh, Letônia, Líbia, Lituania, Marrocos, Moçambique, Nicarágua, Quênia, Romenia, Tailândia, Tunísia, Uganda e Vietña.

Um rede anarquista que se conecta por meio de grupos de atividades, sindicatos revolucionários, centros sociais, grupos de afinidades e de solidariedade como:

A CNT e a FAI, na Espanha; a FORA e a FACA, na Argentina, a FOL na Bolívia; a FORJ, a FOSP, a COB, a FOB, a UNIPA e a CAB, no Brasil; a UAP e a FAI, em Portugal; a FORCH e a FEL, no Chile; a BR e o IWW, nos Estados Unidos; a FAU no Uruguai; a USI, na Itália, a FAB em Bangladesh; entre outras.

Um rede que, voltada a uma pauta comum, desenvolve uma ação comum em torno da propaganda e conscientização acerca a Revolução Social, com boletins, revistas, periódicos e jornais que se tornaram centros de discussões e debates entre anarquistas de todo o globo, como:

Regeneración, El Desmonte, Tierra y Liberdad, Mujeres Libres, La Protesta, La voz de la Mujer, La Batalla, la Battagglia, A Voz do Trabalhador, A Plebe, A Lanterna, A Revolução Social, L’ action Revolutionaire, Le Libertaire, Le Flembeau, Ummanita Nova, etc.

Essas rotas de discurso e materiais, permitiram a conexão de anarquistas em todo o contexto transnacional, rompendo barreiras e influenciando o movimento anarquista em sua totalidade, como:

Ricardo Flores Magón, Juana Mendoza, Anselmo Lorenzo, Buenaventura Durruti, Nestor Mackhno, Kutoku Shusui, Virgínia Bolten, Edgar Leuenroth, Maria Lacerda de Moura, José Oiticica, Domingos Passos, Neno Vasco, Edgar Rodrigues, Elisèe Réclus, Sadi Mohammed, Emma Goldman e – talvez o mais influente de todos – Errico Malatesta.

Desse modo, a História Transnaciona não é somente uma abordagemde explicação racional. O anarquismo é, em si, a própria História Transnacional. Existindo, por sua vez, graças as relações e influências de agentes transnacionais, o anarquismo não pode ser compreendido se não houver o entendimento acerca de sua rede de contatos e influências.

Podendo, assim, a partir da História  Transnacional, afastar elementos que eram ambíguos precedentes do nacionalismo metológico. Permitindo uma História do Anarquismo pautada em suas articulação transnacionais para além dos limites de uma história engessada nas partcularidades nacionais.

De fato, o anarquismo ou é transnacional ou nada

Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social

25 de janeiro de 2019 – O Companheiro R.

 

Deseja saber mais? 

- "Ação Direta: Trasnacionalismo, visibilidade e latência na formação do movimento anarquista em São Paulo" - Clayton Peron Franco de Godoy

- "Pensando a história fora da nação: a historiografia da América Latina e o viés transnacional" - Barbara Weinstein

- 'Novos olhares sobre o anarquismo: um entrevista com Davide Turcato" - Clayton Peron Franco de Godoy e Eduardo Souza Cunha

- "Paz entre nós guerra aos senhor: as intentos nde organização anarquista através da Alliança Anarquista e o Sindicalismo Revolucionário em São Paulo durante a Primeira Guerra Mundial - Kauan Willian Santos

- História do Anarquismo e do Sindicalismo de Intenção Revolucionária no Brasil: novas perspectivas - Kauan Willian Santos

- Apontamentos sobre a Construção do internacionalismo anarquista e sua disseminação e caráter no sul global: caso brasileiro em perspectiva (1880 - 1819) - Kauan Willian Santos

 

 

 

 

 

 

 

A CÚPULA E O BRASIL, EMPRESÁRIOS E MILITARES.

O Fórum Econômico Mundial é uma organização, fundada em 1971, nas quais reúne os principais principais espoliadores e opressores dos empresários e sua comitiva subabalterna  políticos, assim como intelectuais forjados sob manto da cruz e jornalistas selecionados para discutir as questões mais urgentes enfrentadas mundialmente, para eles: o lucro e o quão mais podem explorar o povo, o ecossistema e as matrizes energéticas sem ficar feio.

O carro-chefe do FEM é a Reunião Anual realizada todos os anos no final de Janeiro em Davos. A reunião é realizada em um resort nos Alpes Suíços e reúne Presidentes e Donos  das 1000 empresas-membro do Fórum, assim como políticos selecionados, representantes acadêmicos, ONGs, líderes religiosos e a mídia. A participação na Reunião Anual se dá apenas por meio de convites.

Este ano, Jair Messias Bolsonaro fora convidado após se eleger presidente do Brasil, e não somente seu discurso fora esdruxúlo, mas também demonstrara que aceita qualquer proposta que esteja de acordo com o fundamentalismo religioso, o ultraliberalismo, a tradição e a família.

Um discurso entreguista, que dá de bandeja – por pouco minutos – para empresários e políticos de todo o mundo, que ele não sabe muito bem o que faz e sua ideia é vender ao capital estrangeiro tudo aquilo que o povo constrói à milhares de anos: a tecnologia, a educação, a saúde, a indústria, a segurança, etc.

O povo brasileiro acaba de ser entregue às mãos das conversas entre Paulo Guedes, Ministro da Economia, e empresários e políticos durante reuniões secretas e bajuladas midiáticas nos próximos dias. Indubitavelmente, nós, trabalhadores e trabalhadoras, teremos nossas cabeças cortadas pelas garras envenadas dos empresários e políticos globais.

Não parando por aí, temos o Anúncio Oficial de que o próximo encontro da cúpula do Fórum Econômico Mundial na América Latina, será no Brasil.

O momento em que os fomentadores financeiros do assassinato de indígenas, os fomentadores financeiros do genocídio negro, os grandes traficantes de drogas, da especulação imobiliária, do empobrecimento, da peste e da fome pisarão seus pés de veludo (encardido!) no neste país para ver o quanto o devastaram e o quanto poderão devastar ainda mais.

E neste momento em que esses crápulas pisarem aqui, faremos o mesmo que nossos companheiros e companheiras Davos fizeram: sairemos às ruas para denunciar a espoliação dos povos, a miséria e a vulnerabilidade. Saíremos às ruas em apoio aos camponeses e aos desempregados. Sairemos as ruas contra o Capital, que deseja, e contra o Estado, que concede.

SEU ANÚNCIO NÃO É BEM VINDO

NENHUM DE VOCÊS SÃO

AS RUAS E O PODER POPULAR DIRÃO

ABAIXO AO BOLSONARO

ABAIXO A EXPLORAÇÃO

Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social

23/01/2018 – Companheiro R

 

QUANTO MAIS USARMOS, MAIS PROTEGIDOS ESTAREMOS

 

O Governador do Estado de São Paulo, João Dória (PSDB), regulamentou, neste sábado (19), um lei, sancionada por Geraldo Alckimin (PSDB) em agosto de 2014, que proíbe e tipifica criminalmente o uso de máscaras “ou qualquer outro paramento que possa ocultar o rosto da pessoa” em manifestações.A lei também prevê a comunicação prévia de no mínimo 5 dias de “manifestações e reuniões” sempre que o público esperado for mais que 300 pessoas, bem como seu trajeto e sua forma de organização. 

Alegando que a “a medida tem como objetivo coibir a ação dos black blocs que, cobrindo o rosto com máscaras, se infiltram em protestos para ferir pessoas e causa atos de vandalismo e depredação de patrimônios públicos”, o Governo do Estado de São Paulo, aprofunda a perseguição à militantes e o ataque a liberdade de manifestação e expressão.

Em suma, João Dória, Governador do Estado de São Paulo, determinou que controlará como as pessoas devem se vestir, como devem se proteger, se manifestar, aonde devem ir, quais devem ser suas reivindicações e como devem se comportar.

Impondo suas vontades, em nome do “império da lei e da ordem”,costura a boca do povo com agulha cega.

Em meio a recém-iniciada jornada do Movimento Passe Livre de São Paulo contra o aumento da tarifa – de R$4,00 para R$4,30 –  do transporte público na cidade, João Dória utiliza de suas artimanhas para criminalizar manifestantes, perseguir militantes e impor o voto do silêncio á população pobre e periférica da capital paulista.

Logo após o Segundo Grande Ato Contra o Aumento da Tarifa (17), que antes mesmo de sair em marcha contou com forte repressão da Polícia Militar com bombas de gás e spray de pimenta enquanto os manifestantes estavam sentados e tiros de bala de barracha que atingiram propositalmente a perna de um fotojornalista da Ponte Jornalismo (Daniel Arroyo) e outra Mídia Ninja, João Dória decide que quem propaga a violência é quem se manifesta pacificamente e que sua vestimenta é a força motriz de toda repressão utilizada por seus lacaios de farda.

Dória, mesmo quando a PM baleia jornalistas e os impedem de cobrir casos de agressões aos manifestantes, diz apoiar a liberdade de imprensa. Mesmo quando seus homens de farda escondem seus rostos por meio de máscaras, por meio da justiça burguesa e dos abrigos do Estado, Dória diz que os causadores da violência são meros manifestantes utilizando balaclavas.

Especialistas na arte da justiça afirmam que a Lei é inconstitucional, que vai contra a liberdade de expressão e liberdade de manifestação. Um lei que opera em diversos outros países que obedecem as práticas econômicas e política a que estamos dispostos.

A utilização de máscaras e balaclavas  desempenha, por exemplo, dois papéis de suma importância, que Dória teme: que os manifestantes sejam menos identificáveis pelos seus policias, pelas câmeras de reportagem, pelos cliques de celular; que uma massa de pessoas estejam tão alinhadas e solidárias umas as outras que se tornem um só corpo.

Dória teme que as pessoas protejam a si mesmas. Dória teme que as pessoas sejam solidárias com seus companheiros e companheiras. Dória teme que as pessoas lutem unidas e organizadas. Dória teme que as pessoas se vejam como comunidade. Dória teme que as pessoas protejam suas comunidades.

E treme mais ainda que essas comunidades  juntas, unidas e organizadas tomem de assalto o castelo do Rei.

Dória não quer mascarados.

Os mascarados não querem Dória.

É no mínimo ridículo Dória se utilizar da prerrogativa da violência para criminalizar manfestantes quando sua PM tem o aval para “enviar bandidos aos cemitério” e atirar a queima roupa em jornalistas. E só demonstra o quão preocupado está por ter conseguido inflamar a população pobre e periférica de São Paulo a se revoltar em pouquissimos dias como governador.

É o medo da violência que faz o Estado tremer na base. É o medo de que mais pessoas coloquem balaclavas pretas e se defendam dos porcos fardados. É o medo de que elas sejam um só corpo, por alguns instantes, e possam conduzir a sua prória rebelião. É o medo de que elas descubram que podem defender umas as outras e que não precisam de ratos imundos. E que se esses rators imundo tentarem subjugar seus objetivos, resistirão bravamente.

Quanto mais usarmos mais protegidos, seguros e combativos estaremos.

Quanto mais usarmos, mais solidários e resistentes ficaremos.

João Dória não pode usurpar as forças do povo!

João Dória não pode usurpar as ruas do povo!

Nós sempre estivemos lá!

Que Dória morra de medo, porque quanto mais de nós usarmos máscaras, mais Dória temerá!

Por que nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social

 

21 de janeiro de 2019 – Companheiro R.

 

 

PSLdoB – ABAIXO AO PELEGUISMO

Em nome da defesa de um Estado Democrático de Direito falido, o Partido Comunista do Brasil decide apoiar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM) na Câmara sentando-se lado a lado de Jair Messias Bolsonaro (PSL). O PCdoB, mais uma vez demonstrou a quem eles servem.

Chega de pelego e inimigo de classe.
Que construamos alternativas aquém do Estado, aquém do Capital, aquém do jogo político sujo que esses Partidos nos vendem a preço de banana. 

Realmente. “Ninguém solta a mão de ninguém” 

 

16 de janeiro de 2019

HÁ POVOS ORIGINÁRIOS, HÁ RESISTÊNCIA, HÁ LUTA!

 

É inegável o fato de que o Estado e as Grandes Corporações exterminaram e continuam a exterminar indiscriminadamente povos indígenas e originários das Américas. Desde a chegada da frota de conquistadores e assassinos europeus, até os dias atuais, os povos originários sofrem com a perseguição e a tomada sanguinária de suas terras, de suas águas, de sua alma. O Genocídio Indígena não é algo falacioso, é mais do que real e continua a ser frequente em países das Américas, Austrália, África, e Ásia. No início, estimulada pelos conquistadores portugueses, espanhóis e britânicos, não tardaram a ser um projeto imperialista de dominação global em que tanto o Estado quanto as Grandes Corporações promovem em seus próprios países para alegria da Comunidade Internacional. Utilizam-se de Ruralistas, Latifundiários, da Polícia, Capangas e quaisquer meios que dispõem para transformarem suas terras em áreas de agronegócio, seus rios em barragens e estações hidrelétricas, sua cultura em mero aparelho de vendas para a classe média subconsciente.

No território que hoje se encontra o México, no território em que hoje se encontra os EUA,  no que se conhece hoje por Caribe, no que se entende por Brasil, por Sibéria, por Japão, no que reconhece como Austrália e Tazmânia, por Congo, por Bangladesh, por Birmânia, Colômbia, Timor Leste, Chile, Guatemala, Paraguai, Tibete, etc. Promove-se desde “A Conquista”, a submissão violenta dos povos originários em favor da felicidade e liberdade burguesa.

Entretanto, bem como o Estado ataca, há e sempre houve resistência. Guerras entre conquistadores e tribos indígenas ocorrem em toda a parte do globo, desde o século XV até os dias atuais no século XXI, por pelo menos seis séculos. Guerras que ocorriam entre conquistadores na mata. Guerras em que se evangelizavam crianças e adultos forçosamente. Guerras que tinha como objetivo exterminar toda a cultura de um povo.

O extermínio de povos originários no globo não nos é distante. Não é como se tivesse ocorrido em 1500, terminado no século XIX e atualmente apenas casos isolados ocorressem, não. Está mais próximo do que nós imaginamos. E diariamente, vemos notícias de indígenas assassinados e sem suas terras. Bem como diariamente vemos a luta, a garra e a resistência destes que sofrem nas mãos do Estado/Capital há pelo menos 500 anos.  

Uma resistência que rende frutos gloriosos, que rende mortes terríveis, que rende a defesa de suas vidas e suas liberdade. De modo mais contemporâneo, a resistência dos povos originários do EZLN (Ejército Zapatista de Libertación Nacional) no território do México se faz presente, bem como os povos originários Mapuches no território do Chile e Argentina, como os maiores exemplos de resistência, anticapitalismo, antiestatismo, horizontalidade e sintomas revolucionários, das Américas e, não obstante, no Brasil.

O Povo Mapuche

O Povo Mapuche, por exemplo, sofre com o despojo territorial, ou seja, lhe são roubadas suas terras ancestrais e são jogados em áreas cada vez menores e mais distantes. Essas terras ancestrais e sua luta pela legitimação, advém, e muito, de sua forte ligação com a Terra.

Após a independência Chilena em 1818, houve a necessidade de se legitimar símbolos nacionais, a partir da hegemonia cultural e da planificação territorial. Sendo, portanto, impossível para o projeto nacionalista de legitimar a “Território Autônoma Mapuche”, os republicanos tomaram como objetivo a expansão e conquista da totalidade de suas terras, expulsando-os para regiões menores e campesinas em que estiveram durante todo o século XX.

Após a abertura democrática em 1990, diversas organizações Mapuche no Chile se mobilizaram, no sentido de reivindicarem o acesso e a perpetuidade à terra, principal bandeira de luta até então. Ademais, visto a conjuntura política, estas organizações perceberam que era um momento propício para colocarem em pauta questões que até então haviam sido postergadas, como o reconhecimento da diversidade étnica e cultural chilena, a participação na condução e elaboração de políticas indígenas, a concessão de terras públicas ou a desapropriação de privadas para assentamentos de comunidades indígenas, a proteção legal de suas terras e recursos naturais e finalmente o apoio estatal ao desenvolvimento econômico e cultural das comunidades. Apesar disso, na redação da Lei Indígena, que regulariza as diretrizes das políticas indigenistas, o congresso aceitou somente parcialmente estas reivindicações, obstaculizando fortemente a participação dos indígenas na vida política do país e das próprias comunidades das quais faziam parte.

Tal postura por parte do Estado favoreceu o tensionamento das relações com estas organizações e até mesmo a formação de outras, que iniciaram um profícuo processo de politização, incorporando a seus discursos conceitos como “nação indígena”, “autonomia”, “autodeterminação” e “territorialidade”. Assim se formaram organizações como o “Consejo de Todas las Tierras” (Aukin Wall Mapu Ngulam) e a “Coordinadora de Comunidades en Conflicto Arauco Malleco” (CAM).Visto a perpetuação da condição marginalizada dos Mapuche e a omissão estatal para com elas, a saída desesperada encontrada por algumas organizações foi a do aumento da radicalidade. Em meados da década de 1990 iniciam-se uma série de protestos, visando o aumento da participação política, a recuperação de terras e melhores condições de vida à população Mapuche.

O movimento indígena reagiu à coerção estatal, com protestos nas cidades, “recuperações produtivas” , sabotagens em equipamentos das empresas florestais e pequenos incêndios expulsando e destituindo as ocupações de terra na base da violência, perseguindo os líderes do movimento, fazendo buscas e apreensões nos domicílios etc. Concomitantemente, o Estado tenta a legitimação legal destas ações, encontrando para isso amparo na conservadora constituição chilena.

Os indígenas são acusados como terroristas por ações como ocupações de terra ou delitos de caráter reivindicatórios, como pequenos incêndios ou delitos contra a propriedade (geralmente contra as empresas florestais que jamais poderiam ser enquadradas como “terroristas”. Estudos indicam o uso sistemático dos recursos desta lei especificamente contra os Mapuche, estigmatizando assim o movimento e talvez o mais grave, debilitando as garantias processuais de um julgamento justo.

E dessa forma diversos Mapuches são presos, perseguidos e mortos pelo Estado que não aceita a ancestralidade dos povos originários. Que não os aceita como humanos. Que não aceita sua cultura, sua vida.

A luta dos Mapuches, para além das vitórias e derrotas, levou à óbito diversos companheiros e companheiras, como Matias Catrileo e Camillo Catrillanca, estudantes mortos com tiros de policiais chilenos, e tornaram-se símbolos de luta e resistência do Povo Mapuche e todos aqueles que buscam a liberdade.

O Ejército Zapatista de Libertación Nacional (EZLN)

25 ano do Levante Zapatista!

Durante o regime de partido único Partido Revolucionário Institucional que durou mais de 70 anos, os movimentos camponeses, operários e populares que discordavam do modelo de nação priista enfrentaram consecutivas e sistemáticas repressões, o que fez com que muitos jovens considerassem os canais legais da participação política fechados e apostassem na formação de organizações armadas para buscar a derrota de um regime que de seu ponto de vista era autoritário, e melhorar as condições de vida da população.

De uma dessas organizações, a Forças de Libertação Nacional (FLN), surgiu o Ejército Zapatista de Libertación Nacional (EZLN). Em 17 de novembro de 1983, um grupo de pessoas entre as quais se encontravam indígenas e mestiços, declaram formalmente constituída a formação de um exército regular que em 1 de janeiro de 1994 sairia à luz pública sob a declaração de guerra ao governo mexicano.

Sob as ações que se articularam em prol da defesa de direitos coletivos e individuais negados aos povos indígenas mexicanos; da construção de um novo modelo de nação que inclua a democracia, a liberdade e a justiça como princípios fundamentais de uma nova forma de fazer política; da formação de uma rede de resistência e rebeliões no mundo todo em nome da humanidade e contra o neoliberalismo.

Aparentemente com uma estratégia e organização bem definidas, a história zapatista, chamada assim por eles, conta com sete etapas, em que a primeira seria a seleção de lideranças revolucionárias que criaram a primeira célula política da organização; num segundo momento a criação de “La Pesadilla” instalada em Chiapas; a terceira etapa faz parte de estudos militares e estratégicos das forças armadas mexicanas e estadunidenses e a instalação de novos acampamentos; a quarta etapa o grupo inicia seus contatos com os povos da região e a quinta etapa, considerada por eles, como um aumento explosivo de acampamentos e apoio popular. A sexta afirmar uma posição de guerra contra o Estado Mexicano e o presidente Salinas, bem como ao neoliberalismo arregaçador.

A sétima etapa

Em 1º de janeiro de 1994, Ejército Zapatista de Libertación Nacional (EZLN)  tomou as ruas de cinco distritos de Chiapas, no território Mexicano. Conseguindo surpreender as forças armadas do Estado Mexicano e o Capital Estadunidense, indígenas e camponeses com táticas de guerrilha conseguiram enorme apoio popular regional e mundial. Uma vez realizadas as ocupações, emitem a Primeira Declaração da Selva Lacandona, por meio da qual declaram guerra ao governo mexicano ao mesmo tempo em que pedem “trabalho, terra, teto, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz”.

Em 2 de janeiro, atacou a XXXI Zona Militar em um combate que durou mais de dez horas, apesar do comandante militar, o general Gastón Menchaca Arias, haver concedido o dia de folga a vários integrantes de suas tropas por causa do ano novo. Ao final, o EZLN não conseguiu seu objetivo e recuou para dentro da mata.O EZLN prosseguiu com suas atividades guerrilheiras e, no dia 8, persegue com disparos as instalações do quartel general da XXXI Zona Militar (San Cristóbal de las Casas). Registraram-se atentados contra torres de abastecimento elétrico e contra um gasoduto de petróleo mexicanos. Além disso, presumidos zapatistas derrubaram duas torres de abastecimento elétrico nos estados de Puebla e Michoacán e, no dia seguinte, explodiu um carro-bomba na capital mexicana, e grupos simpatizantes aos zapatistas armam uma bomba no palácio do governo de Acapulco. Depois, um carro-bomba explodiu próximo a um campo militar no estado do México, em Hidalgo e na capital mexicana, respectivamente. Os rebeldes advertiram que outros atentados seriam possíveis na capital mexicana.

Exatamente um mês após haver começado sua insurreição, o EZLN fez um pedido àos indígenas de Guerrero para que não os deixassem sós. Também pediram que as ONGs formassem um cinturão de paz ao redor do diálogo. A Cruz Vermelha, a sociedade civil e a polícia militar instalaram cinturões para resguardar as negociações mediante enquanto foram chegando a San Cristóbal de las Casas 19 delegados zapatistas para participar nas Jornadas pela Paz e a Reconciliação.

Em 1995, de acordo com o Presidente as identidades dos dirigente zapatistas haviam sido descobertas e que, em aplicação da lei, havia-se liberado contra eles as respectivas ordens de captura. Assim, o governo federal mexicano identificou o porta-voz da guerrilha – “Marcos” – como o ex-professor e filósofo Rafael Sebastián Guillén Vicente, de 38 anos, e emitiu um mandado de prisão em seu nome, por porte de armas exclusivas do exército e terrorismo, entre outros delitos. Marcos aparecia em público usando balaclava e, muitas vezes, fumando um cachimbo. Dois dias depois, o Exército mexicano avançou sobre várias populações de Chiapas e retomou o controle de alguns povoados que haviam sido ocupados pela insurgência zapatista. Em somente 15 dias, mais de 20 mil pessoas fugiram de suas comunidades para a mata, enquanto o exército ocupava o território abandonado. Dessa forma, o governo federal seguia uma estratégia dupla de combate contra a insurgência: por um lado, a Secretaria do Governo buscava negociações políticas com o EZLN e, por outro, a Procuradoria Geral da República ditava ordens de prisão contra aqueles que supostamente formavam sua dirigência, de forma a manter cobertura legal para as ações do exército mexicano.] Em meados do mês, cercado pela pressão militar, o EZLN pede o fim da guerra. Os partidos e associações de esquerda dão início a grandes mobilizações a nível nacional e internacional para obrigar o governo a iniciar uma negociação. Nessas circunstâncias, e uma vez recuperada a iniciativa política, os zapatistas condicionam o inicio do diálogo por eles solicitado à saída do exército mexicano da selva e à anulação das ordens de prisão pela Justiça mexicana.

A perseguição e prisão da suposta dirigência zapatista levou a sociedade civil a voltar novamente às ruas, em protesto contra o que a esquerda radical considerou uma nova escalada de repressão.

Em 1996, conforme vinha ocorrendo todos os anos desde sua insurreição armada, o EZLN lançou a Quarta Declaração da Selva Lacandona. Ela levantou a decisão do EZLN de ajudar a construir uma nova política, apartidária e que não luta pelo poder, independente, autônoma, pacífica, “baseada no EZLN”. No dia 5 de janeiro, o “subcomandante insurgente Marcos” abandonou seu esconderijo na mata e viaja a San Cristóbal para participar do Fórum Nacional Especial de Cultura e Direitos Indígenas que se havia iniciado dois dias antes. No dia 10, encerrou-se o Fórum com a proposta de integrar uma nova organização que posteriormente seria conhecida como Congresso Nacional Indígena. Em 2 de maio, Javier Elorriaga Berdegué e Sebastián Etzin Gómez foram sentenciados a 13 e seis anos de prisão, respectivamente, por crimes de terrorismo. Após saber da sentença, o EZLN declarou que ela constitui uma provocação à paz, uma violação à Lei para o Diálogo, e suspendeu sua participação no processo de negociação. Em 6 de junho, após uma intensa campanha nacional e internacional pedindo a libertação dos sentenciados, uma corte de apelação revogou a sentença contra os presumidos zapatistas, que foram soltos. O EZLN suspendeu o estado de alerta de suas tropas.Em 2 de setembro, o “exército zapatista” decidiu suspender sua participação nos diálogos de San Andrés e estabeleceu cinco condições para regressar às negociações e durante o ato a Comandanta Ramona pronunciou um discurso que termina com a frase: “nunca mais um México sem nós”.

No início do ano de 2001, o “subcomandante insurgente Marcos” anunciou a criação do Centro de Informação Zapatista, mediante o qual seriam trocadas informações sobre a viagem dos guerrilheiros ao Distrito Federal e se articularam mobilizações para exigir o cumprimento das condições que o EZLN colocou para o diálogo. Em 2005. o EZLN emitiu a Sexta Declaração da Selva Lacandona e anunciou que deixaria as armas e faria política.  Entre 5 de agosto e 18 de setembro de 2005, o EZLN participou de reuniões com organizações políticas de esquerda, organizações indígenas e povos índios, organizações sociais e ONGs, organizações e grupos culturais e de artistas, e com mulheres, homens, anciãos e crianças que a título individual, familiar, de comunidade, rua, bairro ou vizinhança haviam assinado a Sexta Declaración de la Selva Lacandona. Em tais reuniões, sendo a mais numerosa a de organizações e grupos artísticos e culturais, foram abordados seis pontos que serviram para guiar as reflexões e as discussões: ratificação, ampliação ou modificação das características da “Outra Campanha”, definição de quem está convocado e quem não está, estrutura organizacional da “Outra Campanha”, lugar especial das diferenças na “Outra Campanha” (indígenas, mulheres, jovens, crianças e outros), posição da “Outra Campanha” frente a outros esforços organizacionais e tarefas imediatas.

No ano de 2019, faz-se 25 anos do Levante Zapatista, que encontra-se na história como um dos maiores ataques ao Estado. Grupos de camponeses e indígenas que apesar de não terem conseguido dominar as cidade mexicanas puderam tomar conta de suas matas e suas terras, durante todo esse período. Com instruções à construção de uma sociedade ecologista, não sexista, horizontal, com uma outra forma de fazer política cuidar do poder de acordo com as suas necessidades, o Ejército Zapatista de Libertación Nacional (EZLN) faz-se presente na luta de libertação dos povos do mundo.

Os Povos Originários no Brasil

No período em que o fascista Jair Messias Bolsonaro assume o cargo de presidência da república deste condomínio chamado Brasil, é necessário falar sobre o APROFUNDAMENTO do genocídio indígena neste país. Do século XVI ao XX, da “Constituição Cidadã de 1988” ao ano de 2019, são milhares de indígenas, tribos, comunidades e ativistas mortos, perseguidos, assassinados e destruídos. É o Estado junto aos Latifundiários em vista do Capital Internacional, os verdadeiros culpados. Os capangas, os grileiros. As bancadas ruralistas no Congresso. O Agronegócio. O açúcar. O Café e agora a Soja.

Os povos originários do território brasileiro sofrem com o genocídio e o apagamento de sua cultura. Apesar de protegidos por algumas leis, a população originária do território fora totalmente dominada pelos conquistadores portugueses, sendo dizimados aos milhões. Os conflitos que os envolvem continuam a se multiplicar; mortes, abusos, violência e disrupção interna continuam a afligir muitas comunidades, mesmo com todos os avanços e toda proteção jurídica, desde a Constituição Cidadã,  com toda a conscientização política das comunidades e sua mobilização conjunta, e mesmo com o apoio de alguma parcela da população brasileira não-originária e organismos internacionais. Há poderosos interesses políticos e econômicos em jogo, e mesmo interesses culturais. Ainda falta muito para que eles consigam garantir suas terras e uma sobrevivência digna e independente da tutela do governo, que historicamente os entendeu como incapazes e chamou a si a responsabilidade de “administrá-los”.  Mas agora, e não somente desta vez, sua administração não somente faz vistas grossas para seus assassinos, como também impetuosamente ordena o extermínio dos povos dando ao ratos empertigados aval para fazer valer o secular genocídio que desponta sobre os indígenas no Brasil (e não obstante, no mundo).

Para estes, os “indígenas brasileiros” são parte una de uma civilização.Uma civilização inimiga, um inimigo interno. Não as reconhecem como uma diversidade de culturas, tribos, comunidades, especializações, línguas, aparências, rituais e formações de sociedade distintas, que se conectam entre si a partir de suas ligações com a Terra e com as Águas. Mas como algo a ser combatido em nome da unidade nacional, algo que deve ser exterminado ou coagido a se adaptar.

As Terra que antes era tida como natural para os povos originários, fora transformada em “terra”. “Um pedaço de terra” concedido para que pudessem “viver as suas vidas” de forma vigiada por “um órgão competente de proteção”. Um órgão de proteção que não protegia. Mas que também não atacava. Um órgão de proteção que continuava a permitir ‘Belos Montes, que fazia vistas grossas aos grileiros. Este órgão, foi o Estado Brasileiro. Que concedeu “um pedaço de terra” para que pudessem fingir “cuidar dos índios”, mas que, de fato, só permitiam que vivessem enquanto as máquinas ainda não tivessem chegado no exato local de suas aldeias. Depois disso, foram cerca de 500 indígenas mortos desde a Constituição “Cidadã” de 1988.

Utilizados como capital político de governo de centro-esquerda, por movimentos sociais aparelhos com esses governos, pela esquerda liberal-universitária como campanha de diversidades. Foram esquecidos, protegidos-desprotegidos, e vendo sua Terra ser destruída diante de seus olhos sem ter por onde gritar.

Já não bastasse o silenciamento, os assassinos gatunos, e o apagamento e esquecimento de suas cultura durante todo esse período. Jair Messias Bolsonaro, elege-se para comandar esse condomínio com o único pomposo objetivo: “Se antes os povos originários eram “Terra”, hoje eles têm “terra”, amanhã não serão e não terão nada”. Em nome da Bancada Ruralista, do Capital Internacional, do Agronegócio, da Unidade Nacional e do seu ódio aos Povos Originários, Jair Messias Bolsonaro, pretende restringir às demarcações de “terra” ao mínimo possível. Pretender dar aval aos ruralistas e empresas para que possam invadir ainda mais essas terras. Aos policiais para que matem sem pudor. Não que antes fosse diferente. Porém, agora, tudo isso noticiado positivamente. Pretendem numa política entreguista, ultraliberal,nacional-populista, fundamentalista evangélica, militarizada e profundamente fascista, crescer e se fortalecer mediante ao assassinato e extermínio de milhares de indígenas de suas terras.

Os povos originários do Brasil tem pela frente uma enorme estrada para caminhar, para defender suas vidas, para defender suas “Terras”, para defender suas comunidades, suas tribos e sua dignidade. E é papel de todo e qualquer militante revolucionário se juntar a essa causa, construir junto aos povos originários diálogo e conexões de resistência e afinidades. Estabelecer canais de solidariedade e luta. Os povos originários no Brasil, são e foram negligenciados pela população não-indígena, num geral, sempre foram assassinados, sempre foram expulsos, presos ou acusados. Em linhas gerais, os povos originários mesmo quando tinha direitos não dispunham de direito nenhum, mas agora não trata-se mais da negligência ou da vista grossa, trata-se de uma guerra aberta.

O Governo Fascista Brasileiro travará, nos próximos meses e anos, uma novo estágio da guerra aberta aos indígenas: o genocídio diretamente financiado. Povos Originários do Brasil constituem uma vastidão de sujeitos que serão exterminados em nome das máquinas e do agronegócio. E é dever todo e qualquer militante anarquista e  revolucionário contribuir com a Resistência e a Luta Indígena no Brasil, e no Mundo. Os povos originários, indígenas e quilombolas, estão se organizando há muito tempo, cabe a nós difundirmos suas organizações e nos juntarmos a eles para que juntos possamos luta em prol da liberdade e da emancipação dos povos conquistados e explorados.

HÁ POVOS ORIGINÁRIOS
HÁ RESISTÊNCIA
HÁ LUTA

QUE NÃO NOS INTIMIDEMOS

Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social

14 de janeiro de 2018 – Companheiro R.

“Como a não-violência protege o Estado” de Peter Gelderloos

Publicado pela Editora Deriva no Brasil em 2011 com tradução pelo Coletivo Protopia S.A. o livro “Como a não Violência Protege o Estado” de Peter Gelderloos discute as falsas histórias propagadas pelo Pacifismo que apagam todas as outras estratégias e táticas de rompimento com o Estado e o Capital.

Dividido em 9 capítulos (incluindo os agradecimentos e a Introdução) Gerderloos busca afirmar em sua narrativa que A não-violência é ineficaz, a não-violência é racista, a não-violência é estatista, a não-violência é patriarcal, a não violência é uma tática extremamente inferior e a não-violência é ilusória, bem como as alternativa e possibilidades para o ativismo revolucionário.

“Por causa da hegemonia que os partidários da não-violência exercem, críticas sobre a não-violência são excluídas da maioria dos periódicos, das mídias alternativas e de outros fóruns acessados por manifestantes. A não-violência é mantida como um artigo de fé, e como uma chave para a inclusão total dentro do movimento. Antiautoritários e anticapitalistas que sugerem ou praticam uma militância, subitamente, se veem abandonados pelos mesmos pacifistas com os quais estavam marchando no último protesto.” […] “A maioria dos proponentes da não violência com quem discuti esses assuntos, e foram muitos, abordou a discussão como se fosse uma conclusão já dada que o uso da violência em movimentos sociais era tanto errado como autodestrutivo.”

“Este livro mostrará que a não violência, em suas manifestações correntes, é baseada em falsas histórias de lutas. Tem conexões implícitas e explícitas com a manipulação dos brancos sobre as lutas de negros. Seus métodos estão envoltos em dinâmicas autoritárias, e seus resultados estão mais sujeitos a objetivos governamentais do que a populares. Mascara e até mesmo encoraja suposições patriarcais e dinâmicas de poder. Suas opções estratégicas invariavelmente levam a becos sem saída. E seus praticantes se enganam em inúmeros pontos chave.” […] “precisamos difundir essas críticas e acabar com o estrangulamento da não violência sobre os discursos, enquanto desenvolvemos formas de lutas mais efetivas

“Vou me referir aos proponentes da não violência por sua nomenclatura escolhida: como ativistas não violentos ou, alternadamente, pacifistas.” […] Grosso modo, usando o termo pacifismo ou não violência, eles indicam um modo de vida ou um método de ativismo social que evita, transforma, ou exclui a violência ao tentar mudar a sociedade para criar um mundo mais livre e pacífico” […] Quando falo sobre pacifistas e defensores da não violência, estou me referindo àqueles que imporiam suas ideologias ao movimento inteiro e dissuadiriam outros ativistas da luta (incluindo o uso da violência), ou que não apoiariam outros ativistas pelo simples fato de serem militantes]. Da mesma forma, um ativista revolucionário ideal não seria aquele que obsessivamente se concentra na luta contra a polícia ou pratica atos de sabotagem clandestina, mas aquele que abraça e apoia essas atividades, quando são efetivas, como parte de uma ampla gama de ações necessárias para derrubar o Estado e construir um mundo melhor”.

“Dificilmente o pacifismo seria atrativo aos seus defensores se sua ideologia não tivesse produzido vitórias históricas.” […] A posição pacifista quer que o sucesso seja atribuído somente às táticas pacifistas, enquanto o resto de nós acredita que a mudança vem de todo o espectro de táticas presentes em qualquer situação revolucionária, desde que sejam efetivamente implantadas”

Na Índia, a história conta que o povo sob a liderança de Gandhi construiu um movimento massivo não violento durante décadas e envolveu-se em protestos, desobediência civil, boicotes econômicos, exemplares greves de fome e atos de não cooperação para quebrar com o imperialismo britânico. Eles sofreram massacres e responderam com um par de protestos, mas, em sua maioria, o movimento foi não violento e, depois de perseverar durante décadas, o povo indiano ganhou sua independência, fornecendo um marco inegável da vitória pacifista. A história real é um pouco mais complicada, nela pressões violentas também influenciaram a decisão de retirada britânica”  […]  Ignoraram importantes lideranças da militância, como Chandrasekhar Azad, quem combateu na luta armada contra os colonialistas britânicos, e revolucionários como Bhagat Singh, quem ganhou um apoio massivo pelas bombas e assassinatos como parte da luta para alcançar a “derrocada tanto do capitalismo estrangeiro, como do indiano”. A história pacifista da luta indiana não pode fazer sentido algum a partir do fato de que Subhas Chandra Bose, o candidato militante, foi duas vezes eleito presidente do Congresso Nacional Indiano, em 1938 e 1939.” […] O aspecto mais triste da reivindicação pacifista de que a independência da Índia é uma vitória da não violência é que essa reivindicação atua de forma direta na fabricação histórica realizada pelos interesses da supremacia branca dos Estados imperialistas que colonizaram o sul do mundo. O movimento de libertação da Índia fracassou. Os britânicos não foram forçados a abandonar a Índia. Antes, eles escolheram transferir o território de um controle colonial direto para um controle neocolonial

A reivindicação de uma vitória pacifista na limitação da corrida armamentista nuclear é um pouco bizarra. Novamente, o movimento não foi exclusivamente não violento: incluiu grupos que realizaram uma série de atentados e outros atos de sabotagem ou ainda guerras de guerrilha. E, novamente, a vitória é duvidosa. Os muito ignorados tratados de não proliferação só aconteceram depois da corrida armamentista ter sido ganha, com a incontestável hegemonia dos Estados Unidos na posse de mais armas nucleares do que até mesmo seria prático ou útil. E parece ser claro que a proliferação continua enquanto for preciso, atualmente, na forma de um desenvolvimento tático nuclear e uma nova onda de propostas para instalações nucleares”

O movimento dos direitos civis nos Estados Unidos é um dos mais importantes episódios da história pacifista. Por todo o mundo, pessoas o veem como um exemplo de uma vitória não violenta. Mas, como em outros exemplos que discutimos aqui, não foi nem vitorioso, nem não violento. O movimento foi bem sucedido em acabar com a segregação de direito e com a expansão da minúscula pequena-burguesia negra, mas essas não eram as únicas demandas da maioria dos participantes do movimento. Eles queriam total equidade política e econômica, e muitos também queriam a libertação negra na forma de uma nacionalismo negro, ou intercomunalismo negro, ou alguma outra independência do imperialismo branco. Nenhuma dessas demandas foram atendidas – nem equidade e nem, obviamente, libertação.” […] Outras raças também ficaram sem os frutos míticos dos direitos civis. Imigrantes latinos e asiáticos são especialmente vulneráveis a abusos, deportação, negação de serviços sociais aos quais eles pagam impostos, e a trabalhos tóxicos e exaustivos em fábricas de trabalho escravo ou ainda como trabalhadores rurais migrantes”  […]  “Nativos são mantidos tão abaixo na ladeira socioeconômica”

A afirmação que o movimento pacifista estadunidense acabou com a guerra contra o Vietnã possui o usual conjunto de falhas. As críticas foram bem feitas por Ward Churchill e outros], então somente irei resumi-las. Os ativistas pacifistas ignoram, com uma imperdoável hipocrisia, que três a cinco milhões de indochineses morreram na luta contra o exército estadunidense; que milhares de tropas americanas foram mortas e outras milhares feridas; que outras tropas desmoralizadas pelo derramamento de sangue tornaram-se extremamente ineficazes e revoltosas” […] O movimento pacifista americano falhou em trazer a paz. O imperialismo norte-americano continuou imbatível, e, apesar de sua estratégia militar ter sido derrota pelos vietnamitas, os EUA ainda assim cumpriram com seus objetivos políticos gerais em seu devido tempo, precisamente por causa do fracasso do movimento pacifista em realizar qualquer mudança interna.”

“Talvez confusos por sua própria história falsa do movimento pacifista durante a Guerra do Vietnã, organizadores pacifistas estadunidenses, no século 21, pareciam esperar uma repetição de uma vitória que nunca aconteceu em seus planos de parar a invasão do Iraque.” […]  “Alguns grupos, como o United for Peace and Justice, inclusive, sugeriram que os protestos poderiam evitar a guerra. É óbvio que eles estavam totalmente errados, e os protestos foram totalmente ineficazes. A invasão ocorreu como planejado, apesar de que milhares de pessoas nominalmente, pacificamente, e impotentemente opuseram-se a ela. O movimento contra a guerra não fez nada para mudar as relações de poder nos Estados Unidos. Bush recebeu capital político substancial por ter invadido o Iraque, e não se deparou com reação alguma até que o esforço da guerra e da ocupação começaram a aparecer – sinais de fracasso pela eficaz resistência armada do povo iraquiano.”

“Um bom caso de estudo em relação à eficácia dos protestos não violentos pode ser visto no envolvimento da Espanha com a ocupação liderada pelos Estados Unidos. A Espanha, com 1300 tropas, foi uma das maiores sócias subalternas na Coalition of the Willing. Mais de um milhão de espanhóis protestaram contra a invasão, e 80% da população espanhola dizia ser contrária a ela, mas seu comprometimento com a paz acabou aí.” […] Enquanto milhões de ativistas pacíficos votavam nas ruas como boas ovelhas, uma pequena dezena de terroristas disposta a abater não combatentes foi capaz de causar a retirada de mais de mil tropas da ocupação.”

A moralidade da situação […] ” … deveria nos fazer questionar se nossa condenação ao terrorismo realmente tem alguma coisa a ver com um respeito pela vida. Como não estamos lutando por um mundo autoritário, ou um em que o sangue é derramado em conformidade com justificativas racionais calculadas, os atentados de Madri não representam um exemplo de ação, mas antes, um paradoxo importante […] Isso para vermos o quanto vale as vitórias pacifistas.”.

O Holocausto somente terminou pela combinada e esmagadora violência dos governos Aliados, que destruíram o Estado Nazista. Embora, para ser honesto, eles tenham se preocupado muito mais em redesenhar o mapa da Europa do que salvar vidas de cidadãos de Roma, judeus, gays, esquerdistas, prisioneiros de guerra soviéticos, e outros. Inclusive, soviéticos tenderam a “expurgar” prisioneiros de guerra resgatados, temendo que mesmo que eles não fossem culpados pela deserção ao renderem-se, seu contato com estrangeiros nos campos de concentração os tivesse contaminado ideologicamente.” […] “A vítimas do Holocausto, entretanto, não foram completamente passivas”. […] ” … havia as guerrilhas urbanas e os partisans que lutaram violentamente contra os nazistas. Em abril e maio de 1943, judeus no gueto de Varsóvia levantaram-se com armas clandestinas, roubadas e feitas em casa. Setecentos homens e mulheres jovens lutaram por semanas, até a morte, imobilizando milhares de tropas nazistas e outros recursos necessários para o colapso da Frente Oriental. Eles sabiam que seriam mortos sendo pacíficos ou não. Por rebelarem-se violentamente, viveram as últimas semanas de suas vidas em resistência e liberdade, e reduziram a máquina de guerra nazista. […] Em comparação, táticas não violentas (e, dito isso, os governos Aliados, cujos bombardeiros poderiam ter facilmente alcançado Auschwitz e outros campos) fracassaram em destruir ou fechar qualquer campo de concentração antes do fim da guerra.”

“Posto de uma maneira simples: se um movimento não é uma ameaça, não pode mudar um sistema baseado na violência a na coerção centralizada, e se esse movimento não se dá conta nem exercita o poder que o faz ser uma ameaça, ele não pode destruir tal sistema. No mundo de hoje, governos e corporações controlam quase todo o monopólio do poder, do qual um dos aspectos mais importantes é a violência. A menos que mudemos as relações de poder (e, preferencialmente, destruamos a infraestrutura e a cultura de poder centralizado para tornar impossível a subjugação da maioria por uma minoria), aqueles que atualmente se beneficiam da onipresença da estrutura da violência, que controlam o exército, os bancos, as burocracias, e as corporações, continuarão tomando as decisões. A elite não pode ser persuadida por apelos à sua consciência. Indivíduos que mudam suas ideias e encontram uma moralidade melhor serão despedidos, impedidos, substituídos, desaparecidos, mortos.”

Precisamos retomar a história da resistência para entender como falhamos no passado e como exatamente alcançamos o limitado sucesso que conseguimos. Precisamos aceitar também que todas as lutas sociais, exceto aquelas levadas a cabo por pessoas completamente pacificadas e, portanto, ineficazes, incluem uma diversidade de táticas. Ao perceber que a não violência nunca realmente produziu vitórias históricas em relação a objetivos revolucionários, se abre a porta para considerar outras sérias falhas da não violência. “

Ativistas da não-violência, tentando parecer estratégicos, frequentemente evitam qualquer elaboração de estratégias reais com simples afirmações, como: “a violência é a carta mais forte do Estado. Temos que seguir o caminho da resistência mínima, e atingi-los onde são mais fracos. Já é hora de distinguir entre elaborar estratégias e elaborar slogans, e de ficar um pouco mais sofisticado.”

“Estes dois termos (violência e não-violência) são fronteiras que se situam ao redor de uma diversidade de táticas. Uma diversidade limitada de táticas constrangerá as opções disponíveis para gerar estratégias, quando na realidade as táticas devem fluir sempre a partir de estratégias, e estas, por sua vez, devem fluir a partir de um objetivo” […] Esse objetivo final está muito longe – tão longe que muitos de nós evita pensar sobre isso, porque podemos descobrir que não acreditamos que seja possível. Nos concentrarmos nas realidades imediatas é vital, mas ignorar o destino implica que jamais consigamos alcançá-lo.

“De um certo modo, os ativistas não-violentos têm, normalmente, uma certa vantagem sobre os ativistas revolucionários, já que muitas vezes têm estratégias bem desenvolvidas para a busca de objetivos de curto prazo. A troca tende a ser uma total anulação dos objetivos de médio e longo prazo, provavelmente porque os objetivos de curto prazo e as estratégias pacifistas os encaminham a becos sem saída que seriam extremamente desmoralizantes se fossem percebidos.”

“Finalmente, temos as táticas, que são as ações ou tipos de ações que produzem determinados resultados. Idealmente, esses resultados têm um efeito composto, construindo o momento ou concentrando força ao longo das linhas traçadas pela estratégia. Escrever cartas é uma tática. Lançar um tijolo contra uma janela é uma tática. É frustrante que toda a controvérsia entre “violência” e “não-violência” desenvolva-se, simplesmente, pela discussão de táticas, quando a maioria das pessoas nem sequer questionou-se se os nossos objetivos são compatíveis, e se nossas estratégias são complementares ou contraproducentes. Face ao genocídio, à extinção, à prisão e a um legado de milênios de dominação e degradação, será que traímos nossos aliados ou negamos a participação na luta por aspectos triviais como quebrar janelas ou usar armas? Isso ferve o sangue! […] Vamos fingir que todos nós desejamos a libertação completa. Isso evidencia uma diferenciação de estratégias e de táticas. Claramente, a soma total de táticas disponíveis para os ativistas não-violentos é inferior, pois apenas podem usar a metade das opções que se abrem para os ativistas revolucionários.”

“Os ativistas não-violentos colocam toda sua energia em obrigar as autoridades a ouvirem suas demandas, quando poderiam usar essa mesma energia para construir poder, para criar bases para fazer a guerra. Se alcançassem êxito, o que teriam alcançado? Como muito o governo sussurraria uma breve desculpa, perdendo um pouco de sua boa imagem, e confrontaria a demanda através de um papel (ainda que eles apenas se dediquem a fazer malabarismo com as coisas a sua volta com a intenção de negar a existência dos problemas) após isso, os ativistas terão perdido o momento e a iniciativa, estarão na defensiva, mudando de direção e reajustando sua campanha para enfatizar que trata-se se uma reforma fraudulenta. Entre membros de sua organização, os que se desencantam pulam fora, e o público em geral perceberá a organização como uma entidade impotente e incapaz de alcançar sua meta.”

“Como exatamente se supõe que vamos construir instituições alternativas se somos impotentes na hora de protegê-las da repressão? Como vamos encontrar terras onde construir estas estruturas alternativas quando tudo nesta sociedade tem um proprietário? E como podemos nos esquecer de que o capitalismo não é eterno, que alguma vez tudo foi “alternativo” e que seu paradigma desenvolveu-se e expandiu-se através precisamente da sua habilidade para conquistar e consumir essas alternativas?” […] os tipos mais importantes de estratégias não-violentas terminam, a longo prazo, num insuperável beco sem saída. As estratégias de tipo moral não compreendem o jeito que o Estado mantém o controle; e assim, permanecem cegos às barreiras impostas pelos meios de comunicação e as instituições culturais, não oferecendo qualquer contrapartida à capacidade de minorias armadas controlar maiorias desarmadas. A abordagem de lobby gasta recursos tentando pressionar o governo para que atue contra seus próprios interesses. As estratégias centradas em construir alternativas ignoram a habilidade do Estado em reprimir projetos radicais e o talento do capitalismo em absorver e corromper as sociedades autônomas. As estratégias de desobediência generalizada abrem a porta para a revolução, mas negam aos movimentos populares as táticas necessárias para expropriar o controle direto da economia, redistribuir a saúde, e destruir o aparelho repressivo do Estado.”

“Mas é em nossas organizações cotidianas que ativistas anti-autoritários podem superar estrategicamente a passividade e promover a militância, e assim mudar as perspectivas das lutas futuras. […] A não-violência acaba por jogar dois jogos, vigilância de dentro das comunidades e estratégias de controle de multidões. As táticas do pacifismo, como muitas das táticas do moderno controle policial das multidões, são desenhadas para desempoderar situações potencialmente insurrecionais.”

“A primeira vista, uma concepção militante de revolução parece mais impraticável do que uma concepção não-violenta, mas isso acontece porque ela é realista. As pessoas devem compreender que o capitalismo, o Estado, a supremacia branca e o patriarcado, constituem, somados, uma guerra aberta contra a população mundial. Fazendo da revolução apenas uma intensificação dessa guerra. Não podemos nos libertar e criar os mundos nos quais queremos viver se pensamos na mudança social em termos de “acender uma vela na escuridão”, “ganhar as mentes e os corações”, “falar claramente com o poder”, “capturar a atenção das pessoas”, ou qualquer outro desfile passivo. Se dar conta de que isso tudo é uma guerra pode nos ajudar a decidir quais estratégias devemos elaborar para o caminho necessário. Principalmente para aqueles de nós moradores da América do Norte, da Europa, e de qualquer outra parte do mundo na qual exista a ilusão da democracia.”

“É evidente que o Estado teme mais os grupos militantes que os não-violentos; para mim isso enfatiza o fato de que os grupos militantes são mais efetivos. O Estado compreende que deve reagir de jeito mais forte e enérgico para neutralizar os movimentos revolucionários militantes. Eu escutei várias vezes alguns ativistas não-violentos jogar com esses fatos para argumentar que as tentativas revolucionárias não-violentas são mais eficazes, já que as tentativas militantes serão selvagemente reprimidas (e em outros capítulos eu mostrei que esses ativistas estão mais preocupados com sua própria segurança). Isso é certo, o caminho para a revolução vislumbrado pelos ativistas militantes é muito mais difícil e perigoso do que aquele vislumbrado pelos pacifistas, mas também tem a vantagem de ser mais realista, ao contrário da fantasia pacifista. […]” O Estado decide reprimir ativistas e movimentos sociais quando percebe as metas dissidentes como ameaçadoras e atingíveis. Se a meta é minar ou destruir o poder estatal, e os agentes do Estado acreditam que há chance dessa meta ser atingida, eles irão reprimir ou destruir o movimento, independente das táticas advogadas”,

As estratégias da não-violência não podem derrotar o Estado; elas tendem a refletir uma falta de compreensão da verdadeira natureza do mesmo. O poder do Estado autoperpetúa-se – vencerá os movimentos de libertação com tudo aquilo que esteja a sua disposição, e se as tentativas de derrubar tal estrutura de poder sobrevivem às primeiras ondas repressivas, a elite converterá o conflito em um conflito militar, e já sabemos que as pessoas que empregam a não-violência não poderão nunca vencer um conflito militar. O pacifismo não pode defender-se a si mesmo contra esse intransigente extermínio.”

“A história da sua prática me conduz à mesma conclusão: a não-violência não pode defender-se a si mesma contra o Estado, e menos ainda pode derrotá-lo. O proclamado poder da não-violência é uma ilusão que outorga aos seus praticantes segurança e capital moral para mascarar sua incapacidade de vencer.”

 

QUE SEJAMOS, PORTANTO, VIOLENTOS.

QUE ESTEJAMOS, PORTANTO, ORGANIZADOS

QUE COMPREENDAMOS, PORTANTO, UMA INFINIDADE DE TÁTICAS E ESTRATÉGIAS

 

 

Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social