2019 – Um Apelo

Para um 2019 de resistência e luta, um apelo aos militantes revolucionário/as minimamente organizados/as.

Quanto de nós anarquistas (ou sindicalistas revolucionários; ou anarcossindicalistas; ou anarquistas sociais; ou socialistas libertários; ou agrupamentos autônomos; ou tendências antifascistas; ou movimentos estudantis; ou…) temos em conta do quão capilarizado é o anarquismo (;ou…) no Brasil?

Quando vos digo “Brasil” é necessaria que compreendamos o territorio brasileiro em sua totalidade. O que conhecemos, de fato, da nossa capilaridade quando longe dos centros urbanos? Do que falamos quando falamos de “organização revolucionária no Brasil” se não tratamos esse país em sua verdadeira face: interiorana, rural e campesina.

É fato que todos e todas nós sabemos sobre as tividades culturais, ações diretas, moçons de solidariedade, feiras, manifestações, ocupações, etc. que ocorrem nos grandes centros urbanos. Midiatizadas nas redes sociais, em blogs, listagens, e-mails, etc. temos (quase) total acesso as informações que percorrem os grandes centros.

É fato, também, que muitas dessas atividades ocorrem nas pequenas-cidades: reunições, atividades culturais, manifestações, agrupamentos, construções de organização, trabalho de base e tentativas frustradas de comunicação e divulgação.

Quando voz digo sobre essas tentativas frustradas, é necessário compreender que estamos intoxicados de informações que não fazem jus a realidade das pequenas-cidades.

Cidades que diferentemente das capitais ainda mantém fortemente o seu poder graças ao coronelismo, à força da Igreja Católica, dos conservadores, ruralistas, neopentecostais, latifundiários e saudosistas da Ditadura Militar.

Problemáticas que interferem diariamente em milhares de municípios do país e não fazem parte das discussões, debates, análises e notícias que circundam o meio revolucionário urbano.

Cidades do interior paulista, fluminense, gaúcho, paranaense, pernambucano, paraense, piauiense, goiano, matogrossense, mineiro, etc. Cidades que constróem trabalhos belíssimos, que modificam a cultura e o imaginário social desses locais. Locais que insistem em perseguir, punir, esquecer e restringir a liberdade de companheiros e companheiras sem nos darmos conta do se passa lá.

“Que se passa lá”?, melhor dizendo, “do que se passa aqui”. É importante, neste momento, destacar: porque nós anarquistas (;ou…) de pequenas-cidades sabemos mais sobre o que acontece nos grandes centros urbanos e não sabemos patavinas do que ocorre na cidade vizinha, com a companheira do sítio, com o companheiro da usina? O que nos falta?

Já vos disse: estamos intoxicados de informações que não contemplam a nossa realidade.

Intoxicados pela força de comunicação das médias e grandes organizações que ao se estabelecerem nas redes sociais, e-mails, listagens, blogs, etc. engolem (não propositalmente) a troca de informações entre as pequenas-cidades: que nos isolam e nos fazem acreditar que estamos sós ou que somos apenas forças desencadeadas pelo urbano; menos relevantes.

Esquecemos que fazemos atividades culturais, que elaboramos reuniões, que construpimos organização, que lutamos, manifestamos e ocupamos os espaços. Esquecemos que nossos companheiro e companheiras participam de campanhas internacionalistas, que nos solidarizamos.

Esquecemos que se o campo não luta e não produz, o centro urbano não se liberta e não come.

Precisamos de um antídoto.

Precisamos nos desintoxicar e passar a compreender a nossa realidade e divulgá-la entre nós, nos solidarizarmos entre nós anarquistas (;ou…) de cidade pequenas. Sermos solidários e menos guiados pela conjuntura urbana.

Temos que compreender que a luta que desenvolvemos no interior paranaense é muito mais próxima da nosa que desenvolvemos no interior maranhanse do que com a luta que companheiros e companheiras desenvolvem na capital paulista.

Mas só nos desintoxicaremos quando compreendermos e apoiar-nos uns aos outros, como um apelo: nos comunicarmos, darmos mais êngase ao interior; a gente.

Para um 2019 de resistência e luta, um apelo aos militantes revolucionário/as minimamente organizados/as.

Que criemos redes de comunicação interiorana! Que criemos redes de solidariedade! Que divulguemos os belíssimos trabalhos dos companheiras e companheiras!

Que compreendamos a nossa realidade e dos nossos irmãos e irmãs anarquistas (;ou…)

Que nos comuniquemos integralmente!

Que saibamos que nossa capitalidade vai além da capital!

Que somos muitos espalhados pelo Brasil e precisamos nos auxiliar, nos divulgar, nos apoiar!

 

Precisamos, para 2019, saúde, anarquia e fraternidade entre todos e todas nós que vivenciamos dioturnamente a luta das pequenas-cidades, do campo, do quilombo e da reserva.

“Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução” e precisamos divulgar isso a todo o planeta.

 

Um apelo para 2019

|Comunicação|Solidariedade|Apoio mútuo|

 

Companheiro R. – 31 de dezembro de 2018