“Como a não-violência protege o Estado” de Peter Gelderloos

Publicado pela Editora Deriva no Brasil em 2011 com tradução pelo Coletivo Protopia S.A. o livro “Como a não Violência Protege o Estado” de Peter Gelderloos discute as falsas histórias propagadas pelo Pacifismo que apagam todas as outras estratégias e táticas de rompimento com o Estado e o Capital.

Dividido em 9 capítulos (incluindo os agradecimentos e a Introdução) Gerderloos busca afirmar em sua narrativa que A não-violência é ineficaz, a não-violência é racista, a não-violência é estatista, a não-violência é patriarcal, a não violência é uma tática extremamente inferior e a não-violência é ilusória, bem como as alternativa e possibilidades para o ativismo revolucionário.

“Por causa da hegemonia que os partidários da não-violência exercem, críticas sobre a não-violência são excluídas da maioria dos periódicos, das mídias alternativas e de outros fóruns acessados por manifestantes. A não-violência é mantida como um artigo de fé, e como uma chave para a inclusão total dentro do movimento. Antiautoritários e anticapitalistas que sugerem ou praticam uma militância, subitamente, se veem abandonados pelos mesmos pacifistas com os quais estavam marchando no último protesto.” […] “A maioria dos proponentes da não violência com quem discuti esses assuntos, e foram muitos, abordou a discussão como se fosse uma conclusão já dada que o uso da violência em movimentos sociais era tanto errado como autodestrutivo.”

“Este livro mostrará que a não violência, em suas manifestações correntes, é baseada em falsas histórias de lutas. Tem conexões implícitas e explícitas com a manipulação dos brancos sobre as lutas de negros. Seus métodos estão envoltos em dinâmicas autoritárias, e seus resultados estão mais sujeitos a objetivos governamentais do que a populares. Mascara e até mesmo encoraja suposições patriarcais e dinâmicas de poder. Suas opções estratégicas invariavelmente levam a becos sem saída. E seus praticantes se enganam em inúmeros pontos chave.” […] “precisamos difundir essas críticas e acabar com o estrangulamento da não violência sobre os discursos, enquanto desenvolvemos formas de lutas mais efetivas

“Vou me referir aos proponentes da não violência por sua nomenclatura escolhida: como ativistas não violentos ou, alternadamente, pacifistas.” […] Grosso modo, usando o termo pacifismo ou não violência, eles indicam um modo de vida ou um método de ativismo social que evita, transforma, ou exclui a violência ao tentar mudar a sociedade para criar um mundo mais livre e pacífico” […] Quando falo sobre pacifistas e defensores da não violência, estou me referindo àqueles que imporiam suas ideologias ao movimento inteiro e dissuadiriam outros ativistas da luta (incluindo o uso da violência), ou que não apoiariam outros ativistas pelo simples fato de serem militantes]. Da mesma forma, um ativista revolucionário ideal não seria aquele que obsessivamente se concentra na luta contra a polícia ou pratica atos de sabotagem clandestina, mas aquele que abraça e apoia essas atividades, quando são efetivas, como parte de uma ampla gama de ações necessárias para derrubar o Estado e construir um mundo melhor”.

“Dificilmente o pacifismo seria atrativo aos seus defensores se sua ideologia não tivesse produzido vitórias históricas.” […] A posição pacifista quer que o sucesso seja atribuído somente às táticas pacifistas, enquanto o resto de nós acredita que a mudança vem de todo o espectro de táticas presentes em qualquer situação revolucionária, desde que sejam efetivamente implantadas”

Na Índia, a história conta que o povo sob a liderança de Gandhi construiu um movimento massivo não violento durante décadas e envolveu-se em protestos, desobediência civil, boicotes econômicos, exemplares greves de fome e atos de não cooperação para quebrar com o imperialismo britânico. Eles sofreram massacres e responderam com um par de protestos, mas, em sua maioria, o movimento foi não violento e, depois de perseverar durante décadas, o povo indiano ganhou sua independência, fornecendo um marco inegável da vitória pacifista. A história real é um pouco mais complicada, nela pressões violentas também influenciaram a decisão de retirada britânica”  […]  Ignoraram importantes lideranças da militância, como Chandrasekhar Azad, quem combateu na luta armada contra os colonialistas britânicos, e revolucionários como Bhagat Singh, quem ganhou um apoio massivo pelas bombas e assassinatos como parte da luta para alcançar a “derrocada tanto do capitalismo estrangeiro, como do indiano”. A história pacifista da luta indiana não pode fazer sentido algum a partir do fato de que Subhas Chandra Bose, o candidato militante, foi duas vezes eleito presidente do Congresso Nacional Indiano, em 1938 e 1939.” […] O aspecto mais triste da reivindicação pacifista de que a independência da Índia é uma vitória da não violência é que essa reivindicação atua de forma direta na fabricação histórica realizada pelos interesses da supremacia branca dos Estados imperialistas que colonizaram o sul do mundo. O movimento de libertação da Índia fracassou. Os britânicos não foram forçados a abandonar a Índia. Antes, eles escolheram transferir o território de um controle colonial direto para um controle neocolonial

A reivindicação de uma vitória pacifista na limitação da corrida armamentista nuclear é um pouco bizarra. Novamente, o movimento não foi exclusivamente não violento: incluiu grupos que realizaram uma série de atentados e outros atos de sabotagem ou ainda guerras de guerrilha. E, novamente, a vitória é duvidosa. Os muito ignorados tratados de não proliferação só aconteceram depois da corrida armamentista ter sido ganha, com a incontestável hegemonia dos Estados Unidos na posse de mais armas nucleares do que até mesmo seria prático ou útil. E parece ser claro que a proliferação continua enquanto for preciso, atualmente, na forma de um desenvolvimento tático nuclear e uma nova onda de propostas para instalações nucleares”

O movimento dos direitos civis nos Estados Unidos é um dos mais importantes episódios da história pacifista. Por todo o mundo, pessoas o veem como um exemplo de uma vitória não violenta. Mas, como em outros exemplos que discutimos aqui, não foi nem vitorioso, nem não violento. O movimento foi bem sucedido em acabar com a segregação de direito e com a expansão da minúscula pequena-burguesia negra, mas essas não eram as únicas demandas da maioria dos participantes do movimento. Eles queriam total equidade política e econômica, e muitos também queriam a libertação negra na forma de uma nacionalismo negro, ou intercomunalismo negro, ou alguma outra independência do imperialismo branco. Nenhuma dessas demandas foram atendidas – nem equidade e nem, obviamente, libertação.” […] Outras raças também ficaram sem os frutos míticos dos direitos civis. Imigrantes latinos e asiáticos são especialmente vulneráveis a abusos, deportação, negação de serviços sociais aos quais eles pagam impostos, e a trabalhos tóxicos e exaustivos em fábricas de trabalho escravo ou ainda como trabalhadores rurais migrantes”  […]  “Nativos são mantidos tão abaixo na ladeira socioeconômica”

A afirmação que o movimento pacifista estadunidense acabou com a guerra contra o Vietnã possui o usual conjunto de falhas. As críticas foram bem feitas por Ward Churchill e outros], então somente irei resumi-las. Os ativistas pacifistas ignoram, com uma imperdoável hipocrisia, que três a cinco milhões de indochineses morreram na luta contra o exército estadunidense; que milhares de tropas americanas foram mortas e outras milhares feridas; que outras tropas desmoralizadas pelo derramamento de sangue tornaram-se extremamente ineficazes e revoltosas” […] O movimento pacifista americano falhou em trazer a paz. O imperialismo norte-americano continuou imbatível, e, apesar de sua estratégia militar ter sido derrota pelos vietnamitas, os EUA ainda assim cumpriram com seus objetivos políticos gerais em seu devido tempo, precisamente por causa do fracasso do movimento pacifista em realizar qualquer mudança interna.”

“Talvez confusos por sua própria história falsa do movimento pacifista durante a Guerra do Vietnã, organizadores pacifistas estadunidenses, no século 21, pareciam esperar uma repetição de uma vitória que nunca aconteceu em seus planos de parar a invasão do Iraque.” […]  “Alguns grupos, como o United for Peace and Justice, inclusive, sugeriram que os protestos poderiam evitar a guerra. É óbvio que eles estavam totalmente errados, e os protestos foram totalmente ineficazes. A invasão ocorreu como planejado, apesar de que milhares de pessoas nominalmente, pacificamente, e impotentemente opuseram-se a ela. O movimento contra a guerra não fez nada para mudar as relações de poder nos Estados Unidos. Bush recebeu capital político substancial por ter invadido o Iraque, e não se deparou com reação alguma até que o esforço da guerra e da ocupação começaram a aparecer – sinais de fracasso pela eficaz resistência armada do povo iraquiano.”

“Um bom caso de estudo em relação à eficácia dos protestos não violentos pode ser visto no envolvimento da Espanha com a ocupação liderada pelos Estados Unidos. A Espanha, com 1300 tropas, foi uma das maiores sócias subalternas na Coalition of the Willing. Mais de um milhão de espanhóis protestaram contra a invasão, e 80% da população espanhola dizia ser contrária a ela, mas seu comprometimento com a paz acabou aí.” […] Enquanto milhões de ativistas pacíficos votavam nas ruas como boas ovelhas, uma pequena dezena de terroristas disposta a abater não combatentes foi capaz de causar a retirada de mais de mil tropas da ocupação.”

A moralidade da situação […] ” … deveria nos fazer questionar se nossa condenação ao terrorismo realmente tem alguma coisa a ver com um respeito pela vida. Como não estamos lutando por um mundo autoritário, ou um em que o sangue é derramado em conformidade com justificativas racionais calculadas, os atentados de Madri não representam um exemplo de ação, mas antes, um paradoxo importante […] Isso para vermos o quanto vale as vitórias pacifistas.”.

O Holocausto somente terminou pela combinada e esmagadora violência dos governos Aliados, que destruíram o Estado Nazista. Embora, para ser honesto, eles tenham se preocupado muito mais em redesenhar o mapa da Europa do que salvar vidas de cidadãos de Roma, judeus, gays, esquerdistas, prisioneiros de guerra soviéticos, e outros. Inclusive, soviéticos tenderam a “expurgar” prisioneiros de guerra resgatados, temendo que mesmo que eles não fossem culpados pela deserção ao renderem-se, seu contato com estrangeiros nos campos de concentração os tivesse contaminado ideologicamente.” […] “A vítimas do Holocausto, entretanto, não foram completamente passivas”. […] ” … havia as guerrilhas urbanas e os partisans que lutaram violentamente contra os nazistas. Em abril e maio de 1943, judeus no gueto de Varsóvia levantaram-se com armas clandestinas, roubadas e feitas em casa. Setecentos homens e mulheres jovens lutaram por semanas, até a morte, imobilizando milhares de tropas nazistas e outros recursos necessários para o colapso da Frente Oriental. Eles sabiam que seriam mortos sendo pacíficos ou não. Por rebelarem-se violentamente, viveram as últimas semanas de suas vidas em resistência e liberdade, e reduziram a máquina de guerra nazista. […] Em comparação, táticas não violentas (e, dito isso, os governos Aliados, cujos bombardeiros poderiam ter facilmente alcançado Auschwitz e outros campos) fracassaram em destruir ou fechar qualquer campo de concentração antes do fim da guerra.”

“Posto de uma maneira simples: se um movimento não é uma ameaça, não pode mudar um sistema baseado na violência a na coerção centralizada, e se esse movimento não se dá conta nem exercita o poder que o faz ser uma ameaça, ele não pode destruir tal sistema. No mundo de hoje, governos e corporações controlam quase todo o monopólio do poder, do qual um dos aspectos mais importantes é a violência. A menos que mudemos as relações de poder (e, preferencialmente, destruamos a infraestrutura e a cultura de poder centralizado para tornar impossível a subjugação da maioria por uma minoria), aqueles que atualmente se beneficiam da onipresença da estrutura da violência, que controlam o exército, os bancos, as burocracias, e as corporações, continuarão tomando as decisões. A elite não pode ser persuadida por apelos à sua consciência. Indivíduos que mudam suas ideias e encontram uma moralidade melhor serão despedidos, impedidos, substituídos, desaparecidos, mortos.”

Precisamos retomar a história da resistência para entender como falhamos no passado e como exatamente alcançamos o limitado sucesso que conseguimos. Precisamos aceitar também que todas as lutas sociais, exceto aquelas levadas a cabo por pessoas completamente pacificadas e, portanto, ineficazes, incluem uma diversidade de táticas. Ao perceber que a não violência nunca realmente produziu vitórias históricas em relação a objetivos revolucionários, se abre a porta para considerar outras sérias falhas da não violência. “

Ativistas da não-violência, tentando parecer estratégicos, frequentemente evitam qualquer elaboração de estratégias reais com simples afirmações, como: “a violência é a carta mais forte do Estado. Temos que seguir o caminho da resistência mínima, e atingi-los onde são mais fracos. Já é hora de distinguir entre elaborar estratégias e elaborar slogans, e de ficar um pouco mais sofisticado.”

“Estes dois termos (violência e não-violência) são fronteiras que se situam ao redor de uma diversidade de táticas. Uma diversidade limitada de táticas constrangerá as opções disponíveis para gerar estratégias, quando na realidade as táticas devem fluir sempre a partir de estratégias, e estas, por sua vez, devem fluir a partir de um objetivo” […] Esse objetivo final está muito longe – tão longe que muitos de nós evita pensar sobre isso, porque podemos descobrir que não acreditamos que seja possível. Nos concentrarmos nas realidades imediatas é vital, mas ignorar o destino implica que jamais consigamos alcançá-lo.

“De um certo modo, os ativistas não-violentos têm, normalmente, uma certa vantagem sobre os ativistas revolucionários, já que muitas vezes têm estratégias bem desenvolvidas para a busca de objetivos de curto prazo. A troca tende a ser uma total anulação dos objetivos de médio e longo prazo, provavelmente porque os objetivos de curto prazo e as estratégias pacifistas os encaminham a becos sem saída que seriam extremamente desmoralizantes se fossem percebidos.”

“Finalmente, temos as táticas, que são as ações ou tipos de ações que produzem determinados resultados. Idealmente, esses resultados têm um efeito composto, construindo o momento ou concentrando força ao longo das linhas traçadas pela estratégia. Escrever cartas é uma tática. Lançar um tijolo contra uma janela é uma tática. É frustrante que toda a controvérsia entre “violência” e “não-violência” desenvolva-se, simplesmente, pela discussão de táticas, quando a maioria das pessoas nem sequer questionou-se se os nossos objetivos são compatíveis, e se nossas estratégias são complementares ou contraproducentes. Face ao genocídio, à extinção, à prisão e a um legado de milênios de dominação e degradação, será que traímos nossos aliados ou negamos a participação na luta por aspectos triviais como quebrar janelas ou usar armas? Isso ferve o sangue! […] Vamos fingir que todos nós desejamos a libertação completa. Isso evidencia uma diferenciação de estratégias e de táticas. Claramente, a soma total de táticas disponíveis para os ativistas não-violentos é inferior, pois apenas podem usar a metade das opções que se abrem para os ativistas revolucionários.”

“Os ativistas não-violentos colocam toda sua energia em obrigar as autoridades a ouvirem suas demandas, quando poderiam usar essa mesma energia para construir poder, para criar bases para fazer a guerra. Se alcançassem êxito, o que teriam alcançado? Como muito o governo sussurraria uma breve desculpa, perdendo um pouco de sua boa imagem, e confrontaria a demanda através de um papel (ainda que eles apenas se dediquem a fazer malabarismo com as coisas a sua volta com a intenção de negar a existência dos problemas) após isso, os ativistas terão perdido o momento e a iniciativa, estarão na defensiva, mudando de direção e reajustando sua campanha para enfatizar que trata-se se uma reforma fraudulenta. Entre membros de sua organização, os que se desencantam pulam fora, e o público em geral perceberá a organização como uma entidade impotente e incapaz de alcançar sua meta.”

“Como exatamente se supõe que vamos construir instituições alternativas se somos impotentes na hora de protegê-las da repressão? Como vamos encontrar terras onde construir estas estruturas alternativas quando tudo nesta sociedade tem um proprietário? E como podemos nos esquecer de que o capitalismo não é eterno, que alguma vez tudo foi “alternativo” e que seu paradigma desenvolveu-se e expandiu-se através precisamente da sua habilidade para conquistar e consumir essas alternativas?” […] os tipos mais importantes de estratégias não-violentas terminam, a longo prazo, num insuperável beco sem saída. As estratégias de tipo moral não compreendem o jeito que o Estado mantém o controle; e assim, permanecem cegos às barreiras impostas pelos meios de comunicação e as instituições culturais, não oferecendo qualquer contrapartida à capacidade de minorias armadas controlar maiorias desarmadas. A abordagem de lobby gasta recursos tentando pressionar o governo para que atue contra seus próprios interesses. As estratégias centradas em construir alternativas ignoram a habilidade do Estado em reprimir projetos radicais e o talento do capitalismo em absorver e corromper as sociedades autônomas. As estratégias de desobediência generalizada abrem a porta para a revolução, mas negam aos movimentos populares as táticas necessárias para expropriar o controle direto da economia, redistribuir a saúde, e destruir o aparelho repressivo do Estado.”

“Mas é em nossas organizações cotidianas que ativistas anti-autoritários podem superar estrategicamente a passividade e promover a militância, e assim mudar as perspectivas das lutas futuras. […] A não-violência acaba por jogar dois jogos, vigilância de dentro das comunidades e estratégias de controle de multidões. As táticas do pacifismo, como muitas das táticas do moderno controle policial das multidões, são desenhadas para desempoderar situações potencialmente insurrecionais.”

“A primeira vista, uma concepção militante de revolução parece mais impraticável do que uma concepção não-violenta, mas isso acontece porque ela é realista. As pessoas devem compreender que o capitalismo, o Estado, a supremacia branca e o patriarcado, constituem, somados, uma guerra aberta contra a população mundial. Fazendo da revolução apenas uma intensificação dessa guerra. Não podemos nos libertar e criar os mundos nos quais queremos viver se pensamos na mudança social em termos de “acender uma vela na escuridão”, “ganhar as mentes e os corações”, “falar claramente com o poder”, “capturar a atenção das pessoas”, ou qualquer outro desfile passivo. Se dar conta de que isso tudo é uma guerra pode nos ajudar a decidir quais estratégias devemos elaborar para o caminho necessário. Principalmente para aqueles de nós moradores da América do Norte, da Europa, e de qualquer outra parte do mundo na qual exista a ilusão da democracia.”

“É evidente que o Estado teme mais os grupos militantes que os não-violentos; para mim isso enfatiza o fato de que os grupos militantes são mais efetivos. O Estado compreende que deve reagir de jeito mais forte e enérgico para neutralizar os movimentos revolucionários militantes. Eu escutei várias vezes alguns ativistas não-violentos jogar com esses fatos para argumentar que as tentativas revolucionárias não-violentas são mais eficazes, já que as tentativas militantes serão selvagemente reprimidas (e em outros capítulos eu mostrei que esses ativistas estão mais preocupados com sua própria segurança). Isso é certo, o caminho para a revolução vislumbrado pelos ativistas militantes é muito mais difícil e perigoso do que aquele vislumbrado pelos pacifistas, mas também tem a vantagem de ser mais realista, ao contrário da fantasia pacifista. […]” O Estado decide reprimir ativistas e movimentos sociais quando percebe as metas dissidentes como ameaçadoras e atingíveis. Se a meta é minar ou destruir o poder estatal, e os agentes do Estado acreditam que há chance dessa meta ser atingida, eles irão reprimir ou destruir o movimento, independente das táticas advogadas”,

As estratégias da não-violência não podem derrotar o Estado; elas tendem a refletir uma falta de compreensão da verdadeira natureza do mesmo. O poder do Estado autoperpetúa-se – vencerá os movimentos de libertação com tudo aquilo que esteja a sua disposição, e se as tentativas de derrubar tal estrutura de poder sobrevivem às primeiras ondas repressivas, a elite converterá o conflito em um conflito militar, e já sabemos que as pessoas que empregam a não-violência não poderão nunca vencer um conflito militar. O pacifismo não pode defender-se a si mesmo contra esse intransigente extermínio.”

“A história da sua prática me conduz à mesma conclusão: a não-violência não pode defender-se a si mesma contra o Estado, e menos ainda pode derrotá-lo. O proclamado poder da não-violência é uma ilusão que outorga aos seus praticantes segurança e capital moral para mascarar sua incapacidade de vencer.”

 

QUE SEJAMOS, PORTANTO, VIOLENTOS.

QUE ESTEJAMOS, PORTANTO, ORGANIZADOS

QUE COMPREENDAMOS, PORTANTO, UMA INFINIDADE DE TÁTICAS E ESTRATÉGIAS

 

 

Porque nenhuma fronteira do mundo pode barrar a Revolução Social